segunda-feira, 16 de novembro de 2015

cheiro a comida

Não contem comigo para me deitar com cheiro a comida. Antipatizo com isso.
Na cama entra-se sem cheiros. só o aroma suave da pele, que não interfere com o sono, nem com os pensamentos que flutuam para as nuvens. 
Estava a prepara-me para meditar quando entrei na cama e veio um aroma a cebola salteada dos meus cabelos. Tão desmoralizador. Os gurus da meditaçao não se incomodariam com isso, eu sei. Mas felizmente estou longe desse  paramar. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Nódoas

Está ali muito direita a falar sobre coisas. Gesticula. Traz uma blusa com rendas. Perfeição para cá, perfeição para lá! - não podemos vacilar, tem de ser tudo perfeito!  Usa palavras fortes e que lhe enchem a boca. Eu estou muito perto,  a olhar. Quero ouvir com toda a atenção, tomar o sentido daquelas palavras tão importantes, mas em vez disso a minha atenção desvia-se para as nódoas amarelas da blusa rendada que já foi só branca. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Poesia e Ciência


Para saberes verdadeiramente se é de Poesia que se trata, terás de o submeter ao crivo da Ciência. Na Poesia a Ciência não toca. Nada pode contra o sublime. Agora se for engodo, a Ciência humilha, esfrangalha, esvazia, maltrata... mas ao menos ficas a saber o que tens e o que te sobra.

Foi o que fez Newton com o Arco Iris, queixou-se Keats, quando o reduziu ao efeito da luz num prisma, destruindo toda a sua poesia.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

É brisa, é carrossel!

 Ela afirmava que era uma brisa, nada mais. Apenas uma brisa que vem e vai, mas deixa tudo no seu sítio. - Não te preocupes, tanto, dizia-lhe. - Vamos tomar o refresco da brisa, faz tanto calor aqui!
 Ele, não exactamente com estas palavras, chamava-lhe a loucura de um carrossel de Verão.
 - É a vertigem de uma volta sem freio, não caias, não te agarres a mim. Não digas que não te avisei. 
O carrossel passou muitas vezes, mas ninguém consegue dizer ao certo quantas e quantas voltas ficaram por dar.   


 Se era brisa, se era carrossel... 
era brisa e era carrossel...







quarta-feira, 12 de agosto de 2015

imagem estival

Sim, corri com umas das fotos dali para fora. Estava a prejudicar a harmonia. Não tinha um conceito próprio, nem uma estória, um minúsculo mistério, Nada!
Entendi logo  que se tratava de uma daquelas imagens mais do mesmo, como tantas outras imagens estivais que já vi o ano passado, e o outro e o outro, mas não resisti a capturá-la e sujei-me o olhar. Engordurei-o com aquilo.
 Capturei-a e ela ali ficou, singela, no meio das outras. A mesma beleza nauseabunda, de sempre!  Expulsei-a.
Não tenho nada contra as imagens estivais,
 longe disso.

o justo florescerá como a palmeira.








a minha favorita :-)




terça-feira, 11 de agosto de 2015

a mando

Foi a mando que usou a Glock pela primeira vez .
A mando e nunca mais parou.
Amando?
A mando d´ele.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Pobre chien!

Era um cão que andava a aprender a língua francesa. Aulas particulares ao final da tarde, quando a canícula amainava e o bicho já pouco assanhava. Estava mortinho por se ouvir com sotaque, mas notava poucos progressos e demasiado esforço físico.
- Recolha a língua, ordenava-lhe  Mme Dujardin, pela centésima vez. - O seu problema é língua em demasia! Francês não é para linguarudos.

sábado, 1 de agosto de 2015

mal me quer

Não!
Não pode ser!
Temos de combinar!
Vá lá, não te esqueças!
Não dá!
trim
Cansaço!
A ex!
Há um primo!
Amigos!
Out of gas!
Ahh que cansaço! Nem pensar!
Outro dia!
Too much! too much!
A ex!
A amiga dela!
Não dá mesmo!
Vá lá!
trinm trim, trim, trim
Claro que sim,
Não!



quinta-feira, 16 de julho de 2015

Postcard from heaven (que é no caminho do Guincho)

- Está tanto vento!  vamos fugir e construir  um esconderijo anti-vento. Um refúgio de onde possamos  avistá-lo, perdido de um lado para o outro, e senti-lo a  rosnar danado às ervinhas secas e às  canas tenras .
O vento a nós não os pega. Estaremos ocupados.

eu não sei lidar com isso



terça-feira, 7 de julho de 2015

Linda a Velha

senti-me viva e feliz
e também miserável!

Trolhas



"O almoço do Trolha" Júlio Pomar

Papinha para os entrepeneurs, marmita fria aos trolhas!
Que bem cheira um entrepeneur,
vai-te lavar, trolha!
Se te perguntarem: -como vai a obra?
não digas nada, deixa falar o entrepeneur!
Café com aroma de caramelo, o trolha não gosta, -só café, café! diz ele! ,
bronco que, és trolha!
O trolha é invisível. Nasce betão, mais betão... e o trolha cadê?
Ninguém te vê!
Alguém conhece uma boutique de roupa para trolhas?  um perfume para trolhas? Livros com trolhas lá dentro?
Isso é ridículo, são tão poucochinhos, ia logo à falência! Vê-se logo que não és entrepeneur,
O trolha não existe.  O entrepeneur, sim! É lindo e jovem. Anda arranjado, tem boa imprensa e faz coisas lindas e úteis!
tàs a ouvir ó trolha?


quarta-feira, 1 de julho de 2015

o problema é mais de 'parece' do que de 'ninguém'

Ninguém é o que parece! É uma grande verdade sobre a natureza humana.  A que melhor a define, peut-être. E daqui creio que não vem mal nenhum ao mundo. Ninguém é o que parece! É habituarmo-nos a isto, em vez de estarmos sempre a culpar 'ninguém'.

não sei como hei-de dizer isto

o arroz está cru!

tenho caracóis!!!


andava naquelas interrogações sobre o desejo, uma peçonha - como se deseja o que se deseja? respondeu com as conversas do vento: a força do vento, o desconcerto do vento...
odeio!
tenho caracóis!

terça-feira, 16 de junho de 2015

Romance




1) ele quer procriar, ela  - azar!
2) ela só ia mudar o canal, ele agarrou-a e queria anal;
3) ela está com o período, mas ele - anda lá, não faz mal;
4) A chambermaid  ajoelhou-se na carpete inca, mesmo antes de ela entrar, macilenta, nas Fendi clarinhas. Esbugalhou os olhos de carneiro mal-morto, disse Ohhhhh! e a chambermaid corou!   
 Porco, és um porco!
6)" Agora não, estou cansado"! Ela virou-se e amuou.


domingo, 31 de maio de 2015

Ali e Heféstion

Depois de derrotar o exército de Dario, o terceiro, Alexandre tomou a Pérsia e passeou triunfante na companhia de Heféstion. Encontrou Estatira e Sisigambis, a quem disse : " Ele também é Alexandre" !

terça-feira, 26 de maio de 2015

os amantes de beleza

era uma rosa que nasceu de um cacto. Disseram logo que não tinha pedigree no mundo das rosas. Uma rosinha linda e com ares de rara.
Floriu e parecia a única!

-Vocês, onde estão bem é no meio de  espinhos. Rodeadas deles, Ai! Ui! um exército de espinhos em sentido e prontos a atacar o amante de beleza.
Rosas vaidosas e manientas: -" vem mais perto se queres beleza, vem e cheira"!
-"Ui!, piquei-me! Rosa parva!"

terça-feira, 12 de maio de 2015

méééé

cheiro a carneiro.Cheiro mesmo a carneiro e já usei sabonete de ervas,  hidratante e mais sei lá o quê. É um cheiro entranhado. Quem mandou agarrar nas costeletas com a mão.  Lambona. De animal Carneiro.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Força na forca

Há forca sem força!
E há forca com força!
É conforme o que se quiser,
desde que se faça o pedido com muita antecedência. Um pedido prévio, como se diz, em linguagem de guichet.
Prá forca e em força. 
Aguentar, tudo se aguenta, quando estamos na forca. A força nem é para aqui chamada.
Aguenta e faz força é quando nasce o bébé.
  


terça-feira, 31 de março de 2015

Tem superpodres, ah isso tem

não voa
não estica
não explode
não teletransporta
não passa a parede
não fica invisível
não lança chamas
não escala parede de prédio
não lança teia
,
não faz isso,

tem superpodres que mais ninguém tem! Fede pra xuxu!