sexta-feira, 24 de agosto de 2012

São pipocas

Por vezes quero dizer coisas e em vez disso saltam-me pipocas. Explodem na língua e saltam.
São pipocas, Senhores! São pipocas!

domingo, 19 de agosto de 2012

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

É um fato, quer dizer, facto!

certos livros só os consigo ler enquanto faço o pino. Vou passando as páginas com a ajuda do sopro, ou da língua, o que é uma porcaria bem sei, mas tenho as duas mãos ocupadas. Certos livros só com o cérebro deveras oxigenado.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Brevidade

Lorenz pratica com afinco a modalidade de breves silêncios. Antes fosse a de longas ausências!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

as estações só existem fora de casa

Com esta idade, ainda não sei dizer qual a estação do ano de que mais gosto. Isto pode dizer muito de uma pessoa. Gosto das quatro como as conheço. São belas e à sua maneira todas conseguem ser insuportáveis. Não há ninguém que maldiga das chuvas de verão. Sabem tão bem. Há tempos ouvi maltratar a primavera, porque lhe despenteava os cabelos e pingava quando não se está à espera... O outono é doce, é a estação da marmelada e da geleia de marmelo, mas às vezes isso enjoa. Gosto da secura do verão, é difícil o verão e isso cheira bem, mas não imagino ninguém a escrever poesia ou filosofia no verão. Como são deliciosas as sombras do verão. O inverno sabe muito bem em duas ou três situações: logo no início e quando se está fora dele, ou o vemos passar à janela. Gosto da expressão 'os rigores do inverno' e parecendo o contrário, é uma estação muito calorosa. Custa-me um bocadinho grafá-la sem maiúscula, é a que mais me custa. Lembro-me de ir para a faculdade de gola alta e casaco e agora há ar condicionado em todo o lado.Quem se atreve a usar gola alta, fora das estepes da Mongólia? A verdade é que as estações quase só existem na rua. Vivem pelas ruas, sem abrigo, que é como deve ser, mas é uma perda não as deixarmos entrar pela casa, nem nas casas por onde andamos, nem nos carros ou nos transportes. Ficam à porta. Saímos da rua e mudamos para um ambiente que não é nada, porque não é o morno ou o fresco que fazem as estações. A temperatura é apenas o mote. Entra, verão, entra! Bebes alguma coisa? Quero que te sintas em tua casa!

música para ver o verão passar, sem conversas nem cumprimentos.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

para o que der e vier

Tenho uma singela colecção de imagens de senhoras que trajam 'piratas' - vox populi 'calças à rega milho'. É uma tendência forte em dois grupos de pessoas: a mulher portuguesa e a mulher turista. No geral, e porque no geral o geral é o que importa, ambas desconhecem o sentido da elegância e da graciosidade, mas são tu cá tu lá com o 'preparadas para o que der e vier': umas calças ligeiramente acima do tornozelo, para qualquer eventualidade. Em que tipo de eventualidade estarão a pensar? Inundações? fogos? matilhas em fúria?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

tomar um pouco de sol

Dizem por aí que um destes dias o português falado no Brasil dará formalmente lugar uma nova língua. É algo inacreditavelmente inventivo e criativo o nascimento de uma nova língua a partir de uma outra que não é uma língua qualquer, mas uma mãe toda poderosa. À oralidade brasileira não lhe falta essa audácia, o tom desafiante de recriar a língua mãe, sempre que esta emperra e teima em não fluir. Em qualquer língua, a oralidade tem por natureza um espírito independente, mas a oralidade brasileira é a mais livre e autónoma de todas as oralidades, anda sozinha, cheia de coragem, a abrir caminhos por onde eles parecem mais cerrados e imutáveis. Sempre vários passos à frente da escrita.