sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Não comeces sem mim 2011, que eu estou mesmo a chegar


Em português, cama, mesa ou cadeira são palavras femininas. Em russo, não. Cadeira, por exemplo, é do género masculino.

Alexandre Soares Silva refere-se ao português do Brasil como a 'língua quase-portuguesa'. Acho muito acertado e terno, até.
 
A natureza pode ser brutal e, muitas vezes, odiosa.

A esperança não é uma ameaça. Não pode.

Gosto muito de vozes. Vozes normais.

Tenho muitas saudades suas, Joaquim (ninguém mais me oferece Torga, ou Thelonious Monk).


Vivam os livros parvos! - e, já agora, os diospiros e a geleia de fruta! ligam lindamente uns com os outros.

Há economistas por todo o lado.
 
Guantanamo continua por 2011...

O pai natal existe

Este ano, o Pai Natal deixou-se de tretas e trouxe-me um par de sapatos Harlot, bem aconchegados nesta linda caixinha, feita a pensar nas donas de casa de comportamento exemplar.
O Pai Natal existe, é generoso, e sabe muito bem o que faz.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

As obras

Uma das práticas aberrantes do nosso tempo é enchermos as casas com livros. Quantos mais, melhor.
À medida que enchemos as casas com livros, esvaziamos as bibliotecas. Esvaziam-se de livros e pior, também de sentido. Bem sei que as bibliotecas tal qual as conhecemos são jurássicas e (a não ser que tal livro não possa ser requisitado, ou porque está muito frio na rua), ninguém se quer sentar em cadeiras duras a ler debaixo de uma luz medíocre.
Mas o conceito das bibliotecas é espantosamente democrático para os dias que correm e isso é mesmo muito valioso.

(à parte):

A bibliotecária da biblioteca que frequento trata tudo o que lá existe por 'obra'. Obra para cá, obra para lá:
 "-Essa obra não pode ser requisitada", -"De que prateleira retirou esta obra?".  Só obras primas, uma ternura! mas eu às vezes também gostava que se tratassem os livros com menos reverência e mais desassombro. Seria muito bom sinal!
Quando estou de mau humor (muitíssimo raro...), apetece-me dizer-lhe: - se você lesse um terço do que está aqui à sua volta, despedia-se pela janela, tamanha seria a náusea e a desilusão...

Pão e Amor

Se soubesse quanta tonteria e malvadez há aí na biblioteca...
Não, Knut, nem tudo é pão, nem tudo é amor!

sábado, 25 de dezembro de 2010

É Natal, ninguém leva a mal

 É muito injusto um doce tão bom chamar-se rabanada. A mim, ninguém me ouve a pedir rabanadas, digo, antes, fatias douradas.
Mas pior do que rabanadas, só coscorões, ou filhós, ou trouxas de ovos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lições do tipo: A grande educadora da massa social amorfa

Uma ideia para superar a crise (e de caminho higienizar o ambiente no lar português): cobrar uma taxa a todos os cidadãos que dizem que Casablanca é o filme das suas vidas.
(caso saia a custo zero, contagia-los com sarampo).

domingo, 19 de dezembro de 2010

Fim de citação


Rómulo e Remo (no sentido de Roma) encantam a declamar poesia a céu aberto, mas a sua maior especialidade é a citação, em quarto escuro.

sábado, 18 de dezembro de 2010

lupus et agnus

 Duas parêmias com lobos e cordeiros:


Enquanto o lobo se instrui em crer em um grande poder,
A atenção do seu olho sempre se dirige para o cordeiro.

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Não nos causa grande admiração, se o lobo come o cordeiro (Ba 53)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

angústia para o jantar, digo eu

Na imensidão de poemas e autores que há em "Rosa do Mundo", encontrei o palestiniano Yusuf Al-Saigh :


quando regresso a casa, cada tarde,
a minha tristeza sai da alcova dela,
com a sua capa,
começa a seguir-me:
se caminho, caminha,
se me sento, senta-se,
se choro, chora com o meu pranto
até à meia noite. e nos cansamos.
então, vejo que a minha tristeza 
entra na cozinha,
abre a porta da geleira
tira um pedaço escuro de carne
e prepara-me o jantar.

De rosas e de espinhos

a página 91, da minha edição de  'Songs of Innocence and of Experience - Showing the two contrary states of the human being' publicada por William Blake, 1789. A minha é a edição da Assírio e Alvim, de 2009, com tradução de Jorge Vaz de Carvalho

From  'Songs of Innocence and of Experience - Showing the two contrary states of the human being'
William Blake, 1789

 A flower was offered to me,
Such a flower as May never bore;
But I said "I've a pretty rose tree,"
And I passed the sweet flower o'er.

Then I went to my pretty rose tree,
To tend her by day and by night;
But my rose turned away with jealousy,
And her thorns were my only delight.