sexta-feira, 30 de julho de 2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sem prazer, esqueçam!

Eu e a Brígida assistimos a uma espécie de palestra sobre literatura e novos media. Corria tudo lindamente, até um dos presentes monopolizar as atenções com uma conversa gasta e entediante, do género: "o livro impresso vai deixar de existir? Estará para breve? O que acontecerá ao livro? Ohh, os tablets não têm cheiro. Ohh! vou sentir falta do papel a deslizar nos dedos. E os separadores? ou marcadores? qual será o seu destino? um museu? ... tarari, tarará, tarari, tarará...

- A ideia que temos de um livro é muito marcada pela sua forma. Isso torna-se muito claro quando o livro passa para o formato digital (e tem graça). Já pensaste nisso,  Brígida? Não vejo problema algum em ler-se um ‘livro’ (será um livro?) num ecrã. De todo, não fosse dar-se o caso de os tablets ainda se encontrarem na idade da pedra quanto ao conforto e prazer da leitura. Não sabem nada sobre isso. Zero! E sem prazer, esqueçam. É o que te digo, Bri.

Neste ponto, a Brígida fez um estrondo enorme com o livro que tinha nas mãos. Disse-me:
-Acabei de esmagar um mosquito aqui com a contracapa do 'Half a Life', do Naipaul. Achas que o conseguiria fazer com um Kindle? um iPad? ou qualquer outro?
Com o meu portátil não resulta, já tentei!
Ah e digo-te mais: este mesmo 'Half a Life' (incansável) livrou-me ontem de torrar o crânio no inclemente sol da praia do Guincho. Fez as vezes do chapéu que me esqueci em casa.
A minha questão é esta e sempre a mesma: um tablet faria o mesmo?

Quando o fizer eu também vou para a fila comprar um.


Nota: (vale a pena conhecer os recentes estudos de Jakob Nielsen sobre as prestações do Kindle e do iPad)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Tome lá um e dê cá dois!

Aqui está o Sr. troca-cromos na sua banquinha improvisada ali, aos Restauradores.
Tome lá um  e dê cá dois
São as regras. E é para quem quer! 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cromos, Restauradores, Madame Meilland, Diktonius

No sábado fui aos quiosques dos Restauradores trocar uns cromos do Mundial 2010 que estavam em falta e enquanto esperava que a fila dos troca-cromos se esfumasse, aproveitei para me pesar nesta super balança amarela. 
Pesou-me com rapidez e deu-me um bilhetinho (menor do que o meu dedo indicador), onde me trata por V.Exa.,e  no qual me diz que a minha personalidade é a das rosas 'Madame Meilland'. Lá vinha uma pequena imagem dessa variedade de rosas (belíssimas, por sinal...)  fotografadas por um senhor chamado Camilo Franco (com créditos e tudo...). Além de me chamar rosa, o bilhetinho cita Diktonius, que diz: "Somente os pássaros domesticados anseiam, os bravos voam".
E lá fui ao quiosque trocar os cromos.
Continuam a faltar-me três! Alguém tem para a troca?

Vê-los passar

Numa outra ocasião, sentámo-nos num daqueles conjuntos de mesinhas e cadeiras que coxeiam e que estão à beira de estrada, onde se pode beber um refresco e ver pessoas com sacos de plástico, a passar. Dali  podem-se apreciar automóveis. Ouvir a sua maquinaria inteligente, uns para lá, outros para cá...

Nunca conduzi um automóvel, comentou Bristol, emocionada. E explicou-me detalhadamente o quanto detestaria ter de o fazer.
Mas sei bem que os automóveis não são todos iguais, disse ela, ao que acrescentou entre parênteses: (talvez até por isso...).  Nada mais ingénuo e desprevenido do que considerar que os automóveis são todos iguais!

sábado, 24 de julho de 2010

Mau hálito

A gramática é a alegria da vida, disse às tantas Emma Robinson. Disse-o em inglês, a sua língua mãe, e usou a entoação certa.
Sorrimos. Ela, um sorriso delicado, mas franco e seguro.

Emma podia ter dito: o vinho é a alegria da vida. Nada mais acertado.
Ao ouvir isto, teríamos olhado uma para a outra e aposto que teríamos rido com satisfação. Com uma enorme gargalhada, a lembrarmo-nos dos vinhos que já descobrimos juntas.
Mas o que Emma disse foi: a gramática é a alegria da vida.
E acrescentou :

Encontrar erros de gramática num bilhetinho de amor é tão desanimador como mau hálito.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O que é 'a crise' ?

O sociólogo Laurent Mucchielli estuda a delinquência (urbana, sobretudo), partindo da desconstrução de ideias. Um dos seus alvos preferidos é a estatística. O que ele faz é descascar as estatísticas da delinquência: como são feitas, com que bases, quais as ideias, as premissas, quais os modos de ver que estão subjacentes. A partir desta exposição, constrói alvo novo, uma tentativa de compreensão, as bases para uma grelha de leitura. Sem vícios (ou o menos possível).

Depois de praticamente banida a visão política, apenas o raciocínio económico – omnipotente e omnipresente -, influencia a tomada de decisões, nas sociedades modernas. Isto é muito pobre e está longe de entender e explicar tudo. Os tempos difíceis que atravessamos foram e ainda são terreno fértil para a disseminação das ‘verdades’ da economia, mas também podem ser terreno fértil para a sua falência, basta vacilar nas respostas e soluções…
As ciências sociais podem ter aqui um papel muito interessante, precisamente o de desconstruir conceitos,  ideias dadas como adquiridas e muitas vezes vazias de sentido. Clarificar. Abrir outros caminhos. Obrigar-nos a repensar o que damos por conhecido.
O que é “a crise”?

domingo, 18 de julho de 2010

Pedrinha-coração (encontrei-a)

coração de leão


wild at heart,  wild at heart, wild at heart, wild at heart, wild at heart...

 


black is beautiful   :)     



 braveheart





lonely heart?
                 
                                                      no way



young at heart

hey little heart, how about a sunny jungle?
                                                     

sábado, 3 de julho de 2010

J'ai choisi une fenêtre de verre


                                                 Oui, oui, j´aime bien du pain chaud!
                                       Et (du) Chopin, aussi.
Mas não gosto de me pentear!
E ainda gosto menos de comer caracóis. Nem mesmo quando eles se chamam escargots e até conseguem ter uma aparência sofisticada e deliciosa. Blargh! Non, merci! Mas não me importo de ficar ali sentada a ouvir, les escargots para cá, les escargots, para lá.
Des escargots... j´aime bien le dire!

Viva, Maradona!

A Argentina vai abandonar o Mundial e eu já não quero ver mais nada! Nada!
Que desolação! Estou tão triste!

Viva, Maradona!
Viva!
Viva, Maradona!
Viva!
Viva, Maradona!
Viva!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre homens no mar. Sem compromisso.


           
Aproveitei a viagem para reler 'The Sea Wolf', do Jack London e quando acabei fiquei com vontade de rever 'O Negro do Narciso', do Conrad e seguir para a 'Peregrinação', do Mendes Pinto.
-Por esta ordem, disse-lhe.


Ela, para mim: A vossa literatura tem uma ligação especial com o mar…

Tem?

London, que não é nenhum especialista em 'literatura do mar',escreve assim: "...no dia seguinte, enquanto a tormenta ia amainando, Wolf Larsen e eu estudámos apressadamente anatomia e cirurgia e ligámos as costelas de Mugridge. Depois, já com bom tempo, Wolf Larsen navegou em torno do local onde encontráramos a tempestade e penetrou um pouco mais para oeste, enquanto os botes eram reparados e se faziam velas novas..."

Creio que isto não tem nada de especial. Nada, mesmo.
Na verdade, este é um livro sobre o bem e o mal, a razão e o instinto. O bem e o mal em dias calmos e luminosos. O bem e o mal frente a frente nas ondas negras e colossais. Homens bons sem coragem. Marinheiros que tropeçam e caem. Gente que nunca esperou nada da vida e endireita as costelas dos outros. O dia a dia disciplinado e rígido de uma embarcação. Comandantes, nevoeiros, imediatos, botes, bombordo, estibordo, alimentos putrefactos, homens ao mar. O cheiro a sal. Uma mulher. Nada de especial.

Eu, para elaEstranhamente, nós não temos esta tradição. Não temos uma narrativa do mar. Sobre coisas que se passam entre os homens e o mar. Uns fartos dos outros, em alto mar. Dias e dias seguidos a secar a roupa no próprio corpo. A ver as mesmas caras e a ouvir as mesmas histórias. Uns a conhecerem os segredos dos outros.
O que nós temos, é diferente, temos belos poemas sobre o mar magestoso. O mar delicado e encantado. O mar cruel e implacável (o que mais gostamos). O mar cemitério.
Trata-se sobretudo, de uma relação de reverência (o que não nos coíbe de o encher de lixo, pela calada da noite, mas pode ajudar a explicar o mistério do incomportável preço do peixe).

Uma vez por outra, devíamos tentar tratá-lo por tu. Sem compromisso.